19h30 de sexta-feira e a fila da florista na entrada do NorteShopping quase chega ao Continente. Acho mesmo que é a coisa mais engraçada que vi toda a semana. Vários homens à espera para comprar flores. Adoramos o São Valentim, não adoramos?
O amor já foi um dos meus temas preferidos para escrever. Depois complexificou-se e tornou-se mais difícil saber o que dizer, como dizer. Admito: às vezes acho que me tornei cínica. Depois percebo que crescer fez com que ganhasse novas visões do amor.
Acho o São Valentim um ótimo dia para consumo, um péssimo dia para estar em espaços públicos. No entanto dou sempre por mim, por estes dias, a pensar no que será o amor e não acho que seja aquela fila gigante na florista, embora até o possa ser para quem lá está. Ocorre-me constantemente que os outros o sabem dizer melhor do que eu e que até a Ana Castela faz mais sentido do que eu.
Mas então porque é que é amor quando falo das estrelas só para não olhar para ele e dizer que me fascina mais do que os pontinhos brilhantes que tanto gosto de ver nos céus do Porto?
O amor fascina-me, claro que sim, principalmente pelas múltiplas expressões que tem. Fascina-me particularmente pela forma como o mostramos e não como o dizemos (ou tentamos dizer).
Não recebi flores no São Valentim, não comprei chocolates aleatórios, jantei com uma amiga no Burger King, fui para um concerto do trabalho. Escolhi, sim, o batom de propósito para lhe poder dar um beijo ao fim da noite e foi precisamente nesse beijo que passei o dia a pensar. Aquilo que cada vez mais penso sobre o amor é que é aquilo que fazemos dele. E é um bocadinho isto.
Esta semana no daylight
Vamos lá a esta semana, então:
Comecei por escrever de forma mais detalhada sobre o Capa na Baixa, o restaurante escolhido para a francesinha do mês de janeiro;
Depois falei sobre o livro The Happinness Project, da Gretchen Rubin, que esteve tanto tempo à espera no meu kindle;
Por fim, escrevi sobre a minha estreia nos audiolivros: Notes to Self, da Emilie Pine.
A viver nas páginas de…
Tirei o fim-de-semana para terminar dois livros: How To End a Love Story, da Yulin Kuang, do qual falei na edição passada, e I Know Why The Caged Bird Sings, da Maya Angelou, que estava a alternar entre ebook e audiolivro, para finalmente seguir em frente na TBR deste mês e pegar em…
O Filho de Mil Homens, de Valter Hugo Mãe
Não sabia quando voltaria à obra de Valter Hugo Mãe depois de A Máquina de Fazer Espanhóis. Gostei da experiência de leitura, mas senti logo que é um autor que se lê com calma e, por isso, fui esperando. Quando anunciaram O Filho de Mil Homens como leitura conjunta do Discord do Clube do Livra-te para fevereiro acabei por pedir o livro emprestado à Andreia. Dedicar-me-ei a ele agora.
Raramente a Literatura universal produziu um texto tão sensível e humano quanto este. O filho de mil homens é uma obra da ourivesaria literária de Valter Hugo Mãe. Uma experiência de amor pela humanidade que explica como, afinal, o sonho muda a vida.
Crisóstomo, um pescador solitário, ao chegar aos quarenta anos de idade decide fazer o seu próprio destino. Inventa uma família, como se o amor fosse sobretudo a vontade de amar.
Sempre com a magnífica capacidade poética de Valter Hugo Mãe, esta história é um elogio a todos quantos resistem para além do óbvio.
Coisas que iluminaram a semana
Kendrick Lamar no Superbowl Halftime Show
Sinto que o Halftime Show do Kendrick é uma experiência cultural coletivamente que não esqueceremos tão cedo. Das referências políticas à espetacularidade dos momentos com a SZA e, claro, o ato final: Not Like Us e terminar com tv off é uma jogada de mestre. Admito que tenho devorado todos os vídeos sobre a apresentação que me aparecem nas redes sociais, cada um a realçar um pormenor no qual ainda não tinha reparado.
O Kendrick é autor de um dos meus álbuns favoritos de sempre, DAMN., e tem sido muito bom estar envolvida nesta aura de rap do Kendrick. Infelizmente, não, não vou vê-lo ao Restelo. Mas é assim… Mustaaaaaaaaaaaaard.
Concerto da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
Acho que há sempre coisas que nos acontecem que não aconteceriam se não trabalhássemos onde trabalhamos. Uma dessas coisas, para mim, foi a possibilidade de ir assistir a um concerto da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro — Núcleo Regional do Norte organizou este concerto solidário na Casa da Música, com a orquestra a tocar temas de filmes, e foi um dos planos de comunicação mais divertidos que já fiz. Tive luz verde para ser criativa e fazer publicações diferentes, jogando muito com o facto de as bandas sonoras dos filmes serem algo particularmente inspirador. De Harry Potter a E.T., acho que este pormenor do alinhamento ajudou muito a promover o evento.
Nunca tinha assistido a um concerto de orquestra e gostei muito. Arrepiei-me em praticamente todas as músicas e emocionei-me em alguns momentos. Muito bonito. Já posso riscar do bingo card de 2025: fazer algo pela primeira vez.
Até para a semana,
Eu falo de amor pelas duas, deixa lá!