193. the best of both worlds? um ano a usar o substack
esta semana a reflexão é sobre o Substack e o papel das newsletters
Por estes dias assinala-se um ano desde que comecei a enviar a newsletter a partir do Substack. Podia deixar passar a data, mas este foi um ano em que vi várias newsletters que sigo migrarem para aqui e outras tantos escolherem esta plataforma para nascer. Sempre que isso acontecia ficava a pensar em algumas questões sobre newsletters, o que torna o Substack tão apelativo e sobre blogs. Um ano de newsletters aqui parece-me o pretexto ideal para vir meditar um bocadinho sobre tudo isto.
Decidir vir para o Substack
Durante os primeiros quatro anos de newsletter fui a pessoa que punha em prática aquilo que tinha aprendido sobre E-mail Marketing e usava o MailChimp. Podia ter ido para o Egoi, mas achava o MailChimp mais prático para o meu tipo de newsletter. Hoje em dia adoro quando digo que tenho experiência nestas duas plataformas de E-mail Marketing porque foi algo que consegui com muitos testes e muitas newsletters destas. No entanto, enquanto para muitos outros tipos de newsletters acho que MailChimp e Egoi são escolhas óbvias, a verdade é que para aquelas que são como a minha, as que se focam mais em texto ou as que pretendem algo mais do que um e-mail e gostam de ter o arquivo acessível e bonito (e até a lembrar os tempos dos blogs), quem sabe incluir algum tipo de partilha externa, como uma playlist de Spotify, acho que aquelas plataformas acabam por ser demasiado rígidas para o que se pretende.
Quando vim para o Substack era essa a sensação que tinha: estava numa plataforma muito rígida, havia algumas coisas que gostava de partilhar na newsletter e não conseguia ou não podia da forma que tinha idealizado e queria poder preparar a newsletter muito mais rápido, quase só copiar do Notion e colar lá. O Substack pareceu-me logo a plataforma certa: os e-mails iam parecer bonitos na mesma, se o e-mail fosse aberto no browser mantinha o formato e ainda podia ter um arquivo acessível e que incentiva à interação. Assim, além de responderem, os subscritores podiam mesmo comentar a newsletter livremente. O facto de ser uma plataforma muito parecida aos editores de blogs simples também ajudou — seria fácil aprender a utilizar os seus recursos. Foi só migrar conteúdos e subscritores e cá estamos, um ano depois.
O conteúdo longo ainda reina
Não, não vamos voltar a discutir a questão de os blogs terem ou não terem morrido. Ainda assim, temos de falar do facto de os blogs terem perdido adeptos ao longo da última década. Há muitos motivos para isto ter acontecido:
As redes sociais com conteúdo visual ganharam destaque;
O vídeo ganhou ainda mais relevo no conteúdo digital;
Muitas das pessoas que escreviam blogs estavam em fases de vida diferentes e deixaram de conseguir alimentar regularmente os seus espaços;
Os estímulos visuais das redes sociais começaram a dar a ideia de que o que se quer é conteúdo curto e com pouco texto;
And so on…
Como sempre acreditei que havia lugar para conteúdo longo (se não acreditasse não estava aqui, não é?), acho que o terceiro ponto é fundamental para perceber por que motivo é que, de repente, muitas pessoas começaram a explorar o Substack.
Por muito que se faça conteúdo visual nas redes sociais, vai ser haver coisas que resultam melhor se forem explicadas com espaço ilimitado. E, para quem sempre teve o bichinho da escrita de blogs, acho que há sempre aquela nostalgia de escrever artigos para um blog. Claro que a vida vai mudando e não é sempre fácil alimentar um blog e fazê-lo com consistência.
As newsletters vieram dar uma ajuda nesse sentido, uma vez que acabavam por ter dias específicos para sair — uma vez por semana a uma vez por mês, tanto fazia —, o que permitia uma certa liberdade e uma grande facilidade em organizar a vida para escrever algo. Mas o Substack conseguiu isto ainda melhor: a edição da newsletter parece a de um blog, o arquivo parece um blog e ainda conseguiram dar uns ares de rede social, algo semelhante ao X e ao Threads, com as Notes. No fundo, juntaram o melhor de dois mundos — o do E-mail Marketing e o dos Blogs —, com um toquezinho de rede social, e criaram uma plataforma que se torna apelativa para todos os que querem escrever e ter um espaço criado em poucos passos, fácil de manter e de estruturar.
Acredito mesmo que é isto que tem motivado tantas pessoas a mudarem-se para aqui ou a começarem algo do zero. E acredito também que é o lugar certo para o fazer.
As newsletters são os novos blogs?
Por vezes ocorre-me esta questão: será que o apelo gerado por estes novos tipos de newsletters, mais focados em texto, vai fazer com que as newsletters sejam os novos blogs? Será que quem quer escrever artigos longos de vez em quando vai encontrar aqui o seu lugar? Será que o Substack vai conseguir tornar-se um portefólio de escrita como, em tempos, o Medium tentou? Na verdade só trago perguntas, porque não tenho respostas.
Para mim, estas newsletters de conteúdo escrito são um bom lugar para quem não tem ou não quer ter um compromisso de escrita mais regular, para quem quer um lugar mais descontraído para escrever e até para, quem sabe, continuar a poder desenvolver ideias num espaço diferente.
Também acho que pode, sim, haver algum efeito-blog neste tipo de plataformas: no início são muito apelativas por serem novidade, mas depois torna-se mais difícil mantê-las e acabam por ficar abandonadas. No entanto, admito que gosto de ver o entusiasmo com que muitas pessoas se têm dedicado a textos longos. Aquele entusiasmo de quem tinha mesmo saudades. Isso é muito bonito — e talvez seja a melhor parte desta nova moda de conteúdo.
Esta semana no daylight:
Estou a começar a pensar mais tranquilamente na abordagem que quero dar ao blog e à newsletter nos próximos tempos e, por isso, estou a testar, com calma, quanto consigo publicar e sobre o quê. Para já, este mês vou manter-me em duas publicações por semana. Esta semana, foram estas:
Começou agosto e, por isso, veio a já habitual publicação de retrospetiva do mês anterior. Sobre julho falei da montanha-russa que vivi, do que li e ainda introduzi um segmento de pequenos favoritos aleatórios do mês.
Aproveitei para escrever um pouco sobre um dos livros que li em julho, Hábitos Atómicos, de James Clear. Também estou a pensar alterar um bocadinho a forma como escrevo sobre livros, mas como ainda não cheguei a uma conclusão ficámos assim.
Ainda a viver nas páginas de…
Normal People, de Sally Rooney.
Gostava de dizer que, nestas quatro semanas desde que comecei o novo trabalho, já me consegui adaptar a uma nova rotina, que está tudo a fluir na perfeição, mas a verdade é que ainda estou a tentar perceber o que funciona agora e tenho lido muito pouco. Leio quando almoço sozinha ou quando tenho alguma energia à noite, mas tenho dormido pouco por isso não sobra muita energia para ler.
Ainda assim, estou quase a terminar o livro, já estou a pensar na Feira do Livro do Porto e já sei o que vou ler a seguir, por isso está tudo bem. É dar tempo que tudo encaixa.
Coisas que iluminaram a semana:
GNR em Trancoso.
Vim passar o fim-de-semana com a minha mãe, com o pretexto de irmos juntas à Feira de São Bartolomeu ver os GNR. Não ia a um concerto da Feira há anos — acho que nem passeava pelo recinto há anos também —, por isso aproveitei e fui atacar um belo gelado de baunilha e morango, daqueles de máquina de pressão de que falei quando fui ao Senhor de Matosinhos. Curiosamente, no Senhor de Matosinhos disse que não tinha sabido ao mesmo e não é que achei o gelado de ontem muito mais saboroso? A máquina parecia a mesma, mas o gelado tinha mais sabor. Vá-se lá saber! Aaaaaah, e o jardim da minha mãe está cheio de girassóis!!!
Até para a semana,