Não sei se concordarás comigo, mas acho que, em certa medida, a síndrome de impostor é algo útil. Deixa-nos conscientes de que não sabemos tudo, permite-nos tentar melhorar e, na sua dose de humildade, faz-nos ter os pés no chão e saber que nada é garantido. O problema está, claro, quando é algo que nos limita.
Embora sinta que estou cada vez melhor a saber aquilo que valho e a perceber realmente o que faço bem e o que faço mal, esta semana toda a minha ansiedade veio da síndrome de impostor. Passei a ter outra pessoa a trabalhar comigo e, de repente, acho que não sou boa profissional para ensinar outra pessoa, que não sei ser responsável por outra pessoa, que vou ser terrível a orientar, a liderar, a explicar.
Sei que as experiências anteriores nos moldam e eu não tive assim tantos líderes — tive chefes e bem sabemos que não é a mesma coisa. Também sei que não é nos livros que aprendemos como ser bons líderes, mas estou decidida a lê-los na mesma. O que não sei é como respirar fundo e não stressar. Como se aprende? É meter as mãos na massa?
No ano passado nesta altura estava a ler o Liderar, da Carolina Afonso e da Sandra Alvarez, e escrevi sobre ele:
Estando longe de ter de liderar pessoas, acho que é um livro interessante para aprender também a ser liderado e a reconhecer o tipo de líder que temos perante nós (torcendo para ser um líder). Idealmente, todos teríamos bons líderes. Em vez disso de vez em quando calham-nos chefes, alguns com uma bela dose de narcisismo, outros apenas com pouco jeito para serem responsáveis por outras pessoas. Também com esses é preciso saber trabalhar, caso contrário não sobrevivemos no trabalho — talvez esteja a falar por experiência própria.
A verdade é que nunca ambicionei cargos de liderança porque nunca soube se teria capacidade para liderar. Também nunca esperei ter esses cargos de liderança quando eu própria ainda me sinto a aprender a função que desempenho. Se fosse naquilo que domino há anos talvez não tivesse tantas dúvidas, mas, assim, sinto-me um pocinho de questões. A maior delas todas não é, no entanto, se sou capaz. Não… a maior questão que me assombra neste momento em que ganho mais responsabilidades é: será por aqui o caminho para chegar ao destino que ambiciono? E que destino é esse?
Tenho noção de que isto é uma oportunidade de aprender, de crescer e de ganhar uma noção pessoal e profissional diferente. Só espero perceber como o fazer.
Esta semana no daylight
Semana dedicada às leituras… pelo menos no blog, porque na vida offline nem tanto.
Comecei por escrever sobre Aquilo Que O Sono Esconde, o mais recente livro da Mafalda Santos;
Segui para outra autora portuguesa, desta vez a Ana Bárbara Pedrosa e o seu Palavra do Senhor;
Por fim, falei sobre How To End a Love Story, da Yulin Kuang.
A viver nas páginas de…
Limpa, de Alia Trabucco Zerán
A Biblioled chegou às bibliotecas da Área Metropolitana do Porto e aproveitei esta primeira semana para as primeiras requisições. O Limpa, na verdade, foi uma reserva que ficou disponível muito mais cedo do que esperava e, como é a escolha do mês da Rita no Clube do Livra-te, vou partir já para ele.
Para já, vou usar a Biblioled com estas duas requisições e depois irei fazer alguma gestão entre os livros disponíveis que me pode apetecer ler em determinada altura e o meu objetivo de abater a TBR este ano.
Sobre o Limpa, deixo a sinopse:
Vinda do campo para a capital do país, Estela García encontra trabalho junto do abastado casal Jansen como criada de quarto e ama da sua filha recém-nascida, Julia, a mesma que educará e verá crescer. Serão sete anos divididos entre tarefas domésticas invisíveis e repetitivas e a falsa intimidade que estas proporcionam. Entre solidão, afetos, conflitos e segredos, Estela encontrará o seu lugar no seio da família. Porém, quando a tragédia irrompe na vida dos Jansen e Julia aparece morta, os ódios de classe revelam-se sob a forma de preconceitos sociais enraizados.
Um romance fulgurante sobre os conflitos de classe e a intimidade do trabalho doméstico por uma das vozes mais promissoras da literatura sul-americana.
Coisas que iluminaram a semana
A chegada da Biblioled à Área Metropolitana do Porto
Acho que tudo o que nos permita ler mais por menos dinheiro é um excelente negócio. O Kobo Plus é uma dessas opções, claro, mas poder ler gratuitamente através das bibliotecas é ainda melhor. Quando se começou a falar desta plataforma de empréstimo de ebooks fiquei logo entusiasmada. Usei muito a Biblioteca do Porto durante o mestrado, mas não sou visita regular da biblioteca desde os tempos da escola. O empréstimo de ebooks prometia ser a forma certa de me fazer voltar a elas. A Biblioled demorou um pouco mais a chegar ao Porto, mas já cá está e até acho que, para início, tem um catálogo bom. Requisitei já dois livros e fiz duas reservas (uma delas que ficou disponível bem mais cedo do que o espeado). Na lista de leitura já vou com algumas dezenas de livros.
Não serei, para já, ávida frequentadora da Biblioled, porque estou mesmo a tentar abater a TBR, mas tenciono procurar por lá os livros dos clubes de leitura ou até a versão digital de alguns livros físicos que tenho em casa e que são pequenos calhamaços. Para já, a experiência tem sido positiva. Espero que seja algo que tenha êxito e que isso permita, no futuro, mais investimento na aquisição de mais exemplares dos ebooks já disponíveis e ebooks novos.
Até para a semana,
Concordo plenamente: o síndrome de impostor é útil. E até a ansiedade pode ser uma boa amiga para nos ajudar alcançar os nossos objetivos. Desde que não seja em excesso, faz bem. Por isso, acredito que, mesmo que custe ao início, vais superar esse desafio. Força!