214. resoluções de ano novo
2025 começa com in, keep, out, resoluções de ano novo, uma recomendação de stand up e outra de um concerto e ainda o melhor sushi de sempre.

Tenho para mim que devia começar este texto com uma graça do tipo não nos encontrávamos desde o ano passado ou algo semelhante. Como, apesar de isso ser verdade, já vou passar aqui uns quantos parágrafos a falar sobre ano novo, vida nova, resoluções de ano novo e uma série de coisas relacionadas, acho que te vou poupar — mais ou menos.
Como já deve ter ficado explícito numa ou noutra ocasião, gosto de retrospetivas e resoluções e, como normalmente trato disso no meu aniversário, chego ao fim do ano e só tenho de me certificar de que estou de intenções alinhadas. Claro que também gosto daquela sensação de estrear uma nova agenda, de tirar o primeiro dia do ano para aderir a um novo Goodreads Reading Challenge (e para ir ver o primeiro pôr-do-sol do ano) e de ver novas páginas do Notion prontinhas a ser recheadas. Não vivo naquela filosofia ilusória de que o ano muda e tudo muda, mas quase me deixo contagiar pelas 365 novas oportunidades.
Depois de um ano difícil, poder partir para este novo ano com alguma tranquilidade é uma espécie de conquista. Foi um ano duro e muitas coisas mudaram, mas agora é seguir caminho. E, por falar em caminho, acho que estabelecer metas e objetivos — preparar resoluções — é sempre uma forma de seguir caminho. São pequenas luzes que nos vão indicando para onde ir, com a certeza de que às vezes percebemos que temos de ir por outro lado ou que já não faz sentido ir por ali.
In, Keep, Out: os hábitos para o ano novo
Sendo pessoa de resoluções, defini-as no meu aniversário e já falarei delas, no entanto houve aqui dois exercícios em que pensei enquanto preparava este e-mail. Por um lado, a Carolina partilhou um pequeno desafio na comunidade que promove no Whatsapp, incentivando-nos a refletir sobre o hábito que queremos implementar e o hábito que já temos e queremos manter. Por outro lado, a Inn partilhou as resoluções de ano novo em modo: in, keep, out, o que achei uma abordagem interessante e que vai totalmente ao encontro do desafio da Carolina.
In
Orçamento financeiro atualizado: ao longo das últimas semanas tenho sido muito certinha a apontar ganhos e gastos e, por isso, comecei 2025 com um excel todo preparado para ter uma perspetiva certa do que gasto e do que poupo ao longo do mês e do ano. Já fiz isto noutros anos e finalmente decidi voltar para poder ter tudo muito mais orientado.
Tirar 15 minutos à segunda-feira de manhã para preparar a agenda da semana: também é algo que tenho vindo a aprimorar nas últimas semanas. Fui testando formas de me manter organizada, de ter as tarefas distribuídas e de não me perder ou sentir assoberbada por desorganização alheia. Aquilo que funciona para mim é ter uma agenda, em papel, onde aponto tudo (pessoal e profissional) e onde dividido tarefas por dia e pela semana. Depois coloco também os eventos e afins no calendário do telemóvel e vou recebendo alertas quando necessário. No entanto, sentia que me faltava ter um momento certo para olhar para a semana, dividir tarefas por cada dia, perceber as prioridades e afins. Tentei as sextas-feiras ao fim da tarde, sexta-feira ao início da tarde, tentei o domingo, porque era quando olhava para o calendário do blog, mas não quero estar ao fim-de-semana a organizar trabalho, e acabei por perceber que a segunda-feira é o melhor dia. Como tenho sempre uma reunião às 9h30, tenho tempo antes da reunião para me sentar sossegada a planear e organizar a semana.
Keep
Ler ao pequeno-almoço: não demoro mais do que dez ou quinze minutos no pequeno-almoço, mas é algo de que não abdico e tenho ganho o hábito de usar esses minutos para ler. Às vezes é só um capítulo, mas tem sido um momento do dia que prezo muito. O scroll nas redes sociais pode esperar.
Preparar refeições em série: preparar marmitas para a semana sempre foi algo que me chateava e continua a não ser algo que adoro porque exige criatividade culinária para fazer refeições diferentes que me apeteça comer em qualquer dia da semana. No entanto como tenho de levar almoço para o trabalho também é algo que me poupa tempo durante a semana. Se tiver pelo menos parte da refeição pronta sei que é mais fácil. Isso e ter sopa no frigorífico (feita por mim ou comprada).
Ouvir um episódio de um podcast por dia: é um keep porque percebi que é algo que faço num registo quase diário e que gosto de fazer. Sim, se calhar há dias em que não o faço, mas a cozinhar, a limpar ou a arrumar a casa ou em caminhadas, muitas vezes coloco um podcast entre música e é um hábito de que já não me imagino a abdicar.
Out
Mandar vir comida mais do que uma vez por mês: sim, é muito prático alguém nos vir entregar comida a casa e a tentação de sucumbir ao comodismo é muita. No entanto, mesmo que só tenda a fazê-lo, no máximo, uma vez por semana, quero poupar o dinheiro das taxas e afins. Se for certinha com as refeições preparadas será mais fácil manter-me no foco. Além disso, quero muito mais escolher estas refeições de fora para estar com amigos.
Assumir tarefas que não são responsabilidade minha: também podia dizer não saber dizer não, mas realmente uma liga à outra. Em 2025 não quero colocar os outros em primeiro se isso me prejudicar ou se isso não for justo. Chega de assumir tarefas que não são minhas, chega de deixar que me entreguem tarefas que não me pertencem, chega de dar o jeito para não deixarem de gostar de mim.
Policiamento digital: para quem cresceu a escrever na internet e já faz isto há mais de metade da vida, nos últimos anos sinto que me policiei muito mais do que devia, principalmente quando queria escrever sobre as minhas áreas de formação ou sobre assuntos diferentes daqueles que costumo partilhar. De repente achava que não tinha qualquer propriedade para falar, dizia que não ia acrescentar nada à discussão, sentia que estava unicamente a tornar-me mais uma e, por isso, uma a mais. Mas e a maravilha de ter uma voz e poder usá-la? Vai com tudo! Qual é o pior que pode acontecer com um vídeo ou um texto que fazes de forma pensada e estruturada? Ser tema de um Extremamente Desagradável? Adoro a Joana Marques. Ser viral ao ponto de pessoas serem más comigo e me ameaçarem? Já me aconteceu em 2017. Menos policiamento e mais aproveitar a liberdade de poder escrever.
Objetivos para 2025
Esta semana vou, como habitualmente, escrever sobre os objetivos que estabeleci para este ano, mas fica uma prévia. 2025 é um ano em que sei que o foco tem de estar muito no trabalho — no que me paga as contas e nos outros —, o que motivou uma série de objetivos e intenções para este ano (ou será que estas intenções é que motivaram o foco?). Este é, também, um ano em que acabei por estabelecer muitas metas privadas, por isso a lista que vou partilhar é curta e simples.
Abater a TBR.
Reduzir em 60% os livros que tenho por ler;
Concluir os quatro livros que trouxe pendentes de 2024;
Juntar 1€ por cada livro terminado;
Participar ativamente em clubes de leitura sempre que se proporcionar;
Partilhar regularmente aquilo que leio, o dinheiro que gasto e o dinheiro que coloco de parte, promovendo mais consciência do que moralismos.
Continuar a enviar a newsletter semanalmente.
Tem sido um compromisso que tenho mantido nos últimos dois anos, sem falhas, e não só gosto de o manter como sinto que faz maravilhas por mim e pela minha escrita. Não consigo sempre que inclua grandes reflexões, mas o simples facto de a escrever já serve de exercício regular. Pretendo continuar!
Reescrever o livro que escrevi em 2024.
Sim, foi ótimo escrever um livro na primeira metade de 2024, no entanto percebi pouco depois de o terminar que não era bem aquilo que queria e que teria de o reescrever. Acabei por não lhe pegar no resto do ano. Como foi uma fase de muitas mudanças também não achei problemático não o fazer. Este ano quero reescrevê-lo, só me falta estabelecer como o vou fazer na minha rotina.
Refazer o meu portefólio.
Não sei em que área trabalhas, no entanto às vezes sinto que só quem trabalha em áreas criativas se preocupa em estar sempre a atualizar o currículo e o portefólio, nem que seja para corresponder às tendências visuais. Eu, pelo menos, admito que quer esteja a trabalhar quer não esteja gosto de ter estes dois ficheiros bonitos, atuais e prontos a ser usados. O portefólio é aquele que sinto que está a precisar mesmo de ser refeito, para ficar mais bonito, mas também mais prático e abrangente. Planeio atacar este projeto ainda no primeiro trimestre do ano.
Será que é desta que faço as duas tatuagens que ando a tentar fazer nos últimos dois anos?
É o terceiro ano seguido em que digo que quero fazer duas tatuagens, já começa a soar a anedota, mas realmente nos dois últimos anos não foi algo que conseguisse encaixar financeiramente. Este ano gostava de finalmente as fazer. Pensei fazê-las no início do ano, mas como adulta responsável por um carro que precisa de revisão e inspeção nesta altura, vou deixar mais para a frente. Vá lá, 2025, nós conseguimos!
Além destes tenho alguns objetivos financeiros, que prefiro não partilhar; gostava de tirar o aparelho ainda este ano, mas sei que o calendário de consultas tanto pode dar para isso acontecer este ano como só no início do próximo; gostava também de investir em formação, mas ainda ando a estudar opções com o cheque digital dentro daquilo que sinto que me podia ser útil de forma mais direta e imediata. Também não me faz sentido partilhar os objetivos profissionais, por isso hei de ir falando dos objetivos quando eles estiverem cumpridos ou, no limite, no fim do ano.
E agora que já deves estar para aí na sétima pausa desde que começaste a ler: que objetivos tens para 2025? Quais são os teus não-negociáveis e os hábitos que querem implementar, manter ou até perder?
Esta semana no daylight
Foi semana de retrospetivas de 2024 e, por isso, houve as três publicações habituais e uma extra, que me divertiu muito:
Comecei por falar sobre os favoritos do ano, que inclui música, espetáculos, The Eras Tour e uma série de aleatoriedades da vida;
Apresentei o meu ano em francesinhas, algo que adorei fazer e que talvez esteja a ponderar continuar este anos;
Escrevi sobre os livros que fizeram o meu ano, com alguns favoritos;
Por fim, meti em palavras uma grande parte do peso que carreguei ao longo do escrevi sobre 2024, ao qual chamei o ano do medo.
A viver nas páginas de…
A Mão Que Mata, de Lourenço Seruya
A Mão Que Mata andou entre os meus livros do Kobo durante algum tempo sem previsão de ser lido. Apesar de ter curiosidade em relação ao fenómeno Lourenço Seruya não considerava esta leitura uma prioridade e, por isso, decidi que qualquer dia lia. Quando calhasse.
Com o ano a terminar, eu e a Andreia começámos, em conversa, a delinear um desafio literário para 2025 (vou escrever sobre ele, no blog, esta semana!) e incluímos o autor na lista, obrigando-me a parar de adiar esta leitura.
Este é o primeiro de quatro *thrillers/*policiais e, por isso, espero que seja intrigante o suficiente para manter a curiosidade para os restantes.
Sinopse:
Numa fria manhã de inverno, é encontrado um cadáver numa mansão na Serra de Sintra.
A família Ávila estava aí reunida para formalizar as partilhas patrimoniais, na sequência do falecimento do patriarca e jamais imaginava que o processo seria interrompido daquela forma.
O Inspetor Bruno Saraiva e a sua brigada da PJ são chamados a investigar, deparando-se com um caso peculiar: a vítima não era propriamente adorada pelos familiares, mas também ninguém tinha motivos para a querer morta. Terá o homicídio resultado de um assalto?
As opiniões dividem-se e a família Ávila não parece muito disposta a colaborar com a polícia.
Até que é encontrado um segundo cadáver na mansão…
Bruno Saraiva não tem dúvidas que o assassino está naquela casa, mas não tem ninguém que o apoie nesta teoria. Sem provas concretas que sustentem a sua crença, o Inspetor faz uma viagem-relâmpago a uma aldeia do Norte. Aí, toma conhecimento de uma informação que o põe no encalço do assassino: alguém que está disposto a tudo para esconder um terrível segredo.
Recomendação aleatória da semana
Não Faz Sentido, o espetáculo do Guilherme Fonseca
Fomos ver este espetáculo em novembro de 2023, quando o Guilherme atuou no Hard Club, e, na altura, escrevi sobre ele aqui na *newsletter:*
O espetáculo foi na quarta-feira e gostei muito. Foi a primeira vez que vejo o Guilherme a solo ao vivo e foi muito bom. Gostei do texto, adorei que ele tenha introduzido a Língua Gestual Portuguesa e gostei muito de toda a construção e encadeamento de piadas. […] Continuo a não ir ao Hard Club ver hip-hop de verdade, mas pelo menos da falta de comédia de verdade não me posso queixar.
Agora, o espetáculo está disponível gratuitamente no Youtube e não podia deixar de o destacar.
Dua Lipa Live From The Royal Albert Hall
Há cerca de duas semanas o Radical Optimism veio-me à mente. Sinto que passou um bocadinho despercebido e não conseguiu cumprir as expectativas que tinha para ele, pelo que ficou um pouco aquém dos anteriores. Tinha visto que a Dua Lipa tinha lançado o concerto no Royal Albert Hall em álbum, mas acabei por adiar ouvi-lo. Entretanto durante a semana pu-lo como banda sonora de uma sessão de escrita ao fim do dia e acabei por ver o concerto no sábado.
Não só por ser na sala icónica que é, este concerto está bastante bom: os arranjos da orquestra são lindos, a setlist resulta bem e a performance parece tão natural e bonita.
Coisas que iluminaram a semana
O sushi do Subenshi
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que provei sushi. Foi na véspera de fazer 21 anos e comprei um daqueles take away do Lidl. Pensei nesse sushi enquanto jantava no Subenshi, na sexta-feira, porque sinto que foi um belo percurso passar de sushi de supermercado para sushi de tão boa qualidade, num restaurante tão bonito.
O Subenshi fica na Cordoaria e a decoração é excecional, à meia luz. O sushi é o rei, mas há outras opções. O sushi, claro, é o rei e percebe-se porquê: nunca comi sushi tão saboroso. Os ingredientes frescos e cheios de sabor, o arroz leve, uma mistura de sabores tão única, permitindo que cada ingrediente se destaque no momento certo. De repente já tenho um claro favorito do ano e ele ainda mal começou!
Até para a semana,